Ana se apoiou na beirada do prédio, observando o campo de batalha abaixo. O som das laminas chocando-se, os gritos abafados e o cheiro metálico do sangue preenchiam o ar. Após um instante de contempla??o, virou-se e deparou-se com Eva, com os pés balan?ando levemente no ar. A garota parecia alheia ao caos, mas Ana sabia que seus olhos atentos n?o perdiam um único movimento.
Poucos minutos antes, a mercenária havia cravado a lan?a no ch?o e se lan?ado até o telhado com movimentos certeiros. A a??o chamou aten??o momentanea, mas ninguém ousou levantar os olhos por muito tempo. N?o no meio de uma batalha onde cada segundo podia ser o último.
— Eu te disse, est?o nisso há horas.
Ana recuou alguns passos, sentando-se ao lado dela.
— O Alex disse que é bom pra gente — continuou Eva — Se o inimigo ficar cansado os mascarados v?o conseguir uma grande vantagem.
A rainha soltou uma risada baixa, mas seus olhos ainda observavam o campo com intensidade.
— N?o acho que vai acontecer t?o rápido. Parece que eles também entenderam esse ponto — comentou ela, apontando para um ponto distante, onde o exército dos Escudos de Pétalas permanecia estático. Alguns soldados erguiam grandes escudos enquanto outros se alimentavam de uma ra??o seca e descansavam em fileiras impecáveis logo atrás.
Eva torceu a boca, pensativa.
— é… Mas ainda é bom que tenhamos poucas mortes, né?
— é sim, menina. é sim — a voz de Ana estava mais distante, quase distraída. Ela respirou fundo antes de voltar sua aten??o para a pequena conselheira. — Mas onde está o restante do exército? Tenho certeza de que devia ter mais gente aqui.
— Ah, eles est?o monitorando aqueles caras com monstros!
— Os jóqueis? — Ana franziu o cenho.
— Isso! — respondeu Eva, empolgada. — Pelos relatórios eles sempre lutam contra pequenos grupos. Aquelas criaturas grandes s?o praticamente alvos enormes pros arqueiros e lanceiros, ent?o n?o entram no meio dos exércitos.
— Bom, isso é bom. Um problema a menos pra resolver. Enfim, tá na hora de seguir pro castelo.
— Pro castelo?
— Opa, quase esqueci de explicar. Finalmente encontramos ela.
Os olhos de Eva tremeram. A garota ficou séria, como se o peso da notícia a atingisse fisicamente. Sua express?o animada desmoronou, cedendo espa?o para um pequeno semblante determinado.
— Ok — respondeu, mas sua voz estava baixa, quase vacilante.
Ana percebeu o nervosismo e afagou seu cabelo, antes de encará-la fixamente.
— Vai dar certo, Eva. Confie em mim.
A menina assentiu, mas n?o respondeu. Com um salto ágil, desapareceu entre os prédios, suas silhuetas se fundindo com as sombras.
“Agora vamos para o outro...”
Ana levantou-se, ajustando a postura. Seus olhos varreram o campo novamente até encontrar Alex n?o t?o distante dali. Com a mesma estratégia que usou para subir, segurou firmemente o cabo da lan?a e correu a toda velocidade, a cravando na beirada da estrutura para se lan?ar na dire??o dele.
No meio do ar, laminas passaram perigosamente perto de acertá-la, mas a rainha girou o corpo com flexibilidade surpreendente, esquivando-se sem muita dificuldade. Quando pousou, foi quase como se o impacto tivesse sido coreografado.
— E aí!
Alex saltou, girando rapidamente com a express?o incrédula e assustada.
— Porra, Ana! — ele exclamou, apertando as armas em suas m?os. — Por que n?o pode chegar como uma pessoa normal?
Ela apenas gargalhou, girando a lan?a casualmente antes de apoiá-la no ombro.
— Relaxa, é que gosto de entradas chamativas!
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Alex bufou, mas n?o conseguiu esconder um pequeno sorriso.
— Tá bom, tá bom. O que foi agora?
— Encontramos a Natalya.
Ao ouvir a notícia direta e reta, assim como a garota anterior, a express?o do conselheiro mudou imediatamente. Ele endireitou-se, ajustando a postura como se um peso invisível tivesse pousado sobre seus ombros.
— Certo… Finalmente... E qual é o plano?
Ana olhou para o castelo ao longe, seus olhos estreitando-se com determina??o.
— Ir lá e matar ela, n?o tem muito o que falar além disso.
— Nós… Vamos realmente conseguir?
— Eu me fiz a mesma pergunta pelo caminho todo! — gargalhou a mercenária. — No pior dos casos, a gente morre. Mas estamos praticamente vivendo uma vida extra de qualquer forma.
— Só tem um problema, já viu onde estamos? — Alex franziu o cenho, a situa??o dos arredores refletindo em sua express?o. Ele gesticulou enquanto girava o corpo. — N?o tem como eu sair agora.
— Claro que tem. Presta aten??o direito, tenho certeza que v?o se manter bem sem você.
Antes que Alex pudesse retrucar, o som de passos rápidos se aproximando chamou a aten??o dos dois. O mascarado vermelho, Fernando, surgiu com sua figura coberta de sujeira. Apesar da sujeira e do peso evidente da batalha, ainda mantinha o corpo alinhado impecavelmente. Notando a mascarada com quem seu amigo conversava, parou, curvando-se levemente com um gesto de respeito.
— Rainha Ana, n?o esperava te encontrar por aqui. é um prazer saber que estou lutando ao seu lado.
— Digo o mesmo, Fernando.
Ela o analisou rapidamente, seus olhos atentos às manchas vermelhas que certamente n?o eram do conselheiro. Logo o mascarado continuou.
— Algo aconteceu? Achei que você n?o ia participar dessa batalha diretamente.
Antes que Ana pudesse responder, Alex interveio, animado.
— Nós a achamos! — ele praticamente gritou, sua empolga??o cortando o tom formal da conversa.
Fernando virou-se ligeiramente, seus olhos sob a máscara brilhando com curiosidade.
— A tal Colecionadora?
— Isso mesmo!
— Fernando, precisarei partir antes que ela volte a se esconder — Ana ergueu a m?o, retomando o controle da conversa com um movimento simples. — Quero que recuem e se concentrem nas imedia??es do port?o. Fa?am exatamente o que est?o fazendo, mas focando somente em sobreviver pela próxima hora. N?o insistam em matar caso traga qualquer risco.
O mascarado ficou em silêncio por um momento, seus olhos fixos nos da rainha. Ele parecia avaliar as palavras dela, tentando encontrar alguma falha, mas no fim, apenas assentiu.
— é uma ordem difícil, senhora — disse, sua voz carregada de cautela. — Mas eu entendo. N?o deixarei que te atrapalhem.
Ana bateu no ombro dele com firmeza, mas também um toque de camaradagem. Um sorriso confiante surgia em seu rosto enquanto mostrava o polegar como um gesto de aprova??o.
— Sabia que podia contar com você! Se tudo der certo nas outras frentes de batalha, os outros grupos devem chegar em algum momento. Quando – e se – isso acontecer, aí tudo bem você lutar com tudo.
Fernando curvou-se novamente, com mais solenidade desta vez.
— Entendido.
Ele n?o perdeu tempo. Virando-se, assumiu novamente o papel de comandante no campo, come?ou a dar ordens rápidas e precisas aos soldados ao redor.
— Recuem! Formem um círculo defensivo! Concentrem-se em manter as linhas ao redor do port?o. N?o avancem sem necessidade!
Os mascarados e corrompidos ao redor obedeceram sem questionar. Movendo-se com precis?o, come?aram a reorganizar as fileiras, fechando lacunas e montando uma barreira sólida na passagem interna.
Ana observou por um momento, um misto de orgulho e satisfa??o cruzando sua express?o.
— Pronto para ir? — perguntou ela, sem nem mesmo olhar para Alex.
Ele balan?ou a cabe?a em concordancia, ajustando as manoplas em suas m?os.
— Sempre.
Sem mais palavras, Ana deu o primeiro passo, e os dois partiram juntos em dire??o ao próximo objetivo.
Enquanto ela desaparecia na confus?o do campo de batalha, Fernando continuava a comandar as tropas. Parecia uma ordem simples, mas a cada segundo sentia que a tens?o aumentava.
— Reforcem o flanco esquerdo! — gritou o homem, apontando para uma área onde as defesas pareciam mais frágeis.
Alguns soldados se moveram, reorganizando as posi??es estratégicas. Aos poucos o círculo defensivo tomava forma. Era apertado, mas eficiente. N?o era perfeito, mas parecia o suficiente.
— Uma hora.
Ele repetiu mentalmente as palavras de Ana, como um mantra.
— Uma hora para sobreviver. Apenas isso.
Com tal hiperfoco o dominando, o conselheiro n?o notou que, n?o t?o longe, uma figura encapuzada acompanhava a cena. A ca?adora, com cabelos castanhos e olhos cor de mel, estava imóvel, como parte da paisagem. Seus olhos estavam fixos no caminho por onde Ana havia seguido, e o leve sorriso em seus lábios deixava claro que havia acompanhado toda a cena de perto.
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