— Esse é o cara? — perguntou Ana, sua voz carregada de curiosidade enquanto observava a figura imponente a distancia.
— Sim, tava no bar junto ela. — Alex respondeu, o peso da situa??o refletido em sua express?o. — Mas parece que ninguém sabe de nada sobre ele.
— Eu disparo? — questionou Eva, já ajustando o encaixe de sua arma.
— N?o... vamos ver o que acontece primeiro. Se ele n?o interferir, n?o temos motivos pra gastar energia com essa luta.
— Ent?o a gente só chega lá e fala com ele? — Alex arqueou uma sobrancelha, o tom sarcástico contrastando com a tens?o evidente no ar.
Ana balan?ou a cabe?a, um pequeno sorriso dan?ando em seus lábios.
— Na verdade, parece que n?o vamos precisar fazer isso.
Como se estivesse acompanhando de perto a conversa, a figura deu um passo à frente.
CLANG. CLANG.
O som ecoou pelo corredor vazio, pesado e antinatural. Cada baixada de pé parecia ressoar como um martelo batendo em metal, criando uma vibra??o que reverberava nas paredes e nos ouvidos dos três. Tais ruídos claramente n?o eram de carne ou osso.
Os integrantes do Puni??o Divina trocaram olhares breves, como se tentassem interpretar o que estava acontecendo. Instintivamente, suas m?os apertaram as armas, o movimento sincronizado de veteranos prontos para o que viesse.
Os segundos pareciam se estender mais do que deveriam. O som dos passos pesados continuava, ampliando a tens?o. Antes que percebessem, os dois lados estavam cara a cara.
A figura, agora parada, era imensa e intimidante. O capuz escuro obscurecia grande parte do rosto, mas dois pontos brilhantes sob o tecido sugeriam olhos que observavam cada detalhe.
O silêncio que seguiu foi ensurdecedor, mas o próprio homem n?o deparou para o quebrar. Sua voz metálica e distorcida cortava o ar como o ranger de engrenagens mal lubrificadas, mas eram carregadas de uma calma casual, contrastando com a vigilancia que permeava o ar.
— Este castelo… é fascinante — ele virou levemente a cabe?a, seu olhar brilhante varrendo as colunas, as paredes ornamentadas e o teto alto. — A arquitetura é… robusta, mas também refinada. Imponente e prática, mas com um senso de elegancia que raramente se encontra em lugares como este.
Ana permaneceu imóvel, apertando o cabo da lan?a-espada com mais for?a. Seu olhar fixo no homem era afiado, mas ela n?o interrompeu.
— Suponho que você seja a responsável por isso, rainha Annabelle. Te parabenizo.
Ana arqueou uma sobrancelha, mas sua postura n?o mudou.
— Agrade?o. Se abrir caminho, pode ficar aqui admirando a decora??o à vontade. Apesar que infelizmente imagino que n?o está aqui pra isso.
O homem fez um som que poderia ser uma risada seca, mas que mais parecia o ranger de metal se dobrando.
— N?o, n?o estou — ele ergueu a m?o lentamente, apontando para uma das colunas ornamentadas ao lado. — Mas é difícil ignorar. Veja só isso. Raramente encontro estruturas que misturam t?o bem utilidade e beleza. é uma pena que talvez seja tomado de você em breve. Tristes guerras…
Eva, que estava na retaguarda, apertou os dentes, a flecha já pronta em seu arco, enquanto Alex imbuia suas manoplas com energia. A figura n?o reagiu de imediato. Seu olhar vagou lentamente pelos dois, como se estivesse analisando-os. Em seguida, voltou-se para Ana, ignorando completamente a suposta amea?a da dupla.
— Eu vou ser direto — Sua voz perdeu a leveza, tornando-se mais grave. — N?o entrem naquela sala. Apenas entreguem as armaduras. N?o precisamos de mortes sem sentido.
A oferta inesperada fez Alex dar um sorriso repleto de ironia.
— N?o precisamos de mortes sem sentido? E todos os guardas lá fora? Vai realmente bancar o pacifista?
Eva acenou em concordancia com as palavras do pugilista, mas ao mesmo tempo, franziu o rosto e cruzou os bra?os enquanto co?ava a parte do ombro onde a armadura se conectava à carne. Sua express?o era de desconforto, como se lembrasse da dor de ter o equipamento implantado.
— Avisamos para recuarem... — sua resposta foi direta, sem emo??o. — Eles escolheram lutar. E morrer.
Ana enfim deu um passo à frente, os olhos fixos no homem. Sua voz saiu calma, mas com uma leve provoca??o.
— Chega de conversa à toa. N?o s?o armaduras, est?o conectadas à carne. Logo, a resposta é n?o.
O homem inclinou levemente a cabe?a, como se considerasse a informa??o por um momento, antes de responder novamente com a calma mecanica.
— Ent?o arranquem seus bra?os. N?o desperdicem a vida.
Apesar de ainda calmo, ele fez um movimento que n?o passou despercebido pela mercenária: sua m?o esquerda pousou no bra?o direito, os dedos ajustando algo com cuidado. Era um gesto pequeno, mas carregado de significado.
Ana estreitou os olhos, alterando a postura com a qual segurava a arma negra.
— Ou... a gente mata vocês dois por invadirem propriedade privada. é uma mania bem fodida, sabia?
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A figura misteriosa permaneceu imóvel, encarando a mulher mascarada à sua frente.
— Aviso dado. Escolhas feitas.
Ent?o, sem mais palavras, ele estendeu o bra?o.
Foi um movimento rápido, mas parecia estranhamente lento. Nem um segundo se passou quando uma luz alaranjada envolveu sua pele, queimando a parte do manto que cobria até seu cotovelo. Sob o tecido carbonizado, revelou-se um bra?o inteiramente feito de pe?as interconectadas, todas cravejadas por runas. Um item brilhante, mas mortal, com suas juntas iluminadas por pulsos de energia que corriam como veias artificiais.
A luz come?ou a convergir para a palma da m?o, crescendo imediatamente em intensidade.
O disparo veio sem hesita??o, com seu som ressoando como um trov?o por cada sala do castelo.
Mas a energia luminosa n?o atingiu seu alvo. Com uma precis?o quase desdenhosa, Ana moveu sua longa lan?a. Em um arco fluido, a lamina cortou o ar, atingindo a parte inferior do bra?o robótico no exato momento em que a energia foi liberada.
O ataque desviou para o teto, explodindo em faíscas e peda?os de pedra. Fragmentos do disparo iluminaram o corredor por um breve instante antes de desaparecerem, mas os resquícios do impacto continuaram reverberando como uma lembran?a do qu?o perto havia chegado de ser fatal.
O homem deu um salto para trás, distanciando-se rapidamente de sua atacante, parando para inspecionar a pequena marca deixada em seu corpo. O corte era superficial, mas suficiente para danificar levemente o revestimento metálico. Sob o grande capuz escuro, os dois pontos brilhantes se estreitaram, assemelhando-se a um singelo franzir de sobrancelhas.
— Interessante...
Seu olhar vagou uma vez mais pelo arranh?o, dirigindo-se em seguida para a arma que o causara. Passou pela empunhadura, subiu pela lamina negra e, finalmente, fixou-se na espadachim que a empunhava.
— Essa espada… Onde a conseguiu?
Ana n?o respondeu.
Em vez disso, avan?ou novamente, preparando um grande corte vertical.
O homem n?o se intimidou. Ele desviou para o lado em um movimento rápido e, com a mesma m?o que analisara o corte, atirou diretamente contra a lamina.
O impacto do disparo empurrou Ana para o lado. Ela cambaleou brevemente, mas recuperou o equilíbrio com agilidade. Seus olhos fixaram-se no adversário, a irrita??o evidente.
— Vocês dois v?o ficar só assistindo? — gritou, girando a lan?a para estabilizá-la novamente. — Temos que matar esse cara antes que aquela mulher decida sumir de novo!
As palavras dela pareceram trazer Alex e Eva de volta à realidade. Os dois se entreolharam rapidamente, antes de avan?arem em conjunto contra o oponente.
Alex correu pela lateral direita, as manoplas crepitando enquanto preparava o primeiro soco. Eva posicionou-se na retaguarda, puxando a corda do arco com tanta for?a que seus dedos queimaram. Ativou a riscagem de runas com um movimento do dedo, e, quando disparou, uma flecha elétrica cortou o ar com um silvo agudo, criando uma explos?o de faíscas por onde passava.
Mas o homem, ao invés de enfrentá-los diretamente, ergueu a outra m?o. Um brilho surgiu em seu pulso antes que um gancho fosse disparado em dire??o a uma coluna próxima.
Com um movimento ágil, ele se puxou para longe, evitando ser cercado. Seu corpo metálico balan?ou no ar antes de pousar em uma posi??o elevada, onde permaneceu por um instante, observando os três como um predador calculando o próximo movimento.
— Merda… — resmungou Ana — Alex, acha que consegue enfrentá-lo sozinho?
O pugilista ponderou por um momento, revisando os movimentos do oponente.
— Os ataques dele até agora n?o parecem particularmente refinados, diria até que s?o bem simples. Em uma luta direta, diria que sim. Mas esses dispositivos de engenharia mágica… s?o um problema.
— Certo — Ana assentiu. — Eva, siga apoiando ele na luta. Tenta ficar o mais afastada possível.
— Tá bom!
Acatando a ordem, se p?s a pegar outra flecha, puxando a corda do arco velozmente, pronta para disparar. Ela se apoiou em um joelho, assumindo uma posi??o que lhe dava o maior alcance possível.
Ana deu um último olhar para os dois, o foco em seus olhos queimando.
— Segurem ele. Vou para a sala do trono. Matem-no rápido e me encontrem.
Sem esperar por uma resposta, virou-se e come?ou a correr em dire??o à grande porta no final do corredor.
Vendo que seu oponente se preparava para impedir a ida de sua rainha, Alex saltou em dire??o a ele, concentrando sua for?a para um golpe de baixo para cima direcionado ao est?mado. Eva, rastreando sua trajetória, disparou a nova flecha. Seguido pelos dois ataques, o adversário foi relutantemente for?ado a desviar, inclinando-se para trás no último segundo.
Alex rosnou em frustra??o, mas jogou-se novamente em sua dire??o.
— Só mantenha a press?o! — gritou ele, suas m?os se movendo em socos cada vez mais poderosos que for?avam o inimigo a se manter em movimento.
Apesar disso, mesmo pressionada, a figura manteve a compostura. Ele continuava usando o gancho sempre que julgava algo perigoso, movendo-se rapidamente entre as colunas para evitar ser atingido. Parecia estudar os padr?es de Alex e Eva, assim como o próprio conselheiro de guerra o estudava, adaptando-se cada vez melhor a tais movimentos, seguindo-o cada vez mais de perto.
As flechas complementares n?o ficavam atrás da luta direta em termos de analise. Mantiveram o ritmo, muitas vezes passando a centímetros de Alex, sincronizadas com seus poderosos ataques, podendo assim quase acertar o inimigo, acumulando aos poucos pequenos danos.
Enquanto isso, Ana corria.
Com os esfor?os de seus companheiros, p?de chegar à porta sem ser interrompida, e sem hesitar, colocou a m?o diretamente sobre ela. Seu cora??o batia forte, mas n?o de medo — era a expectativa do que viria. Ela empurrou as folhas de madeira esculpida, o som baixo e reverberante preenchendo o silêncio, e o sal?o se revelou lentamente.
A primeira coisa em sua vis?o foram os grandes vitrais, com suas cores vibrantes que pareciam dan?ar nas paredes. Cada raio de luz que os atravessava coloria o espa?o com um brilho que parecia inquietante, mas também belo, algo que, por algum motivo, Ana come?ara a apreciar cada vez mais no último ano. No entanto, tal beleza era eclipsada pelo peso da presen?a à sua frente.
Os olhos cor de mel da rainha, que n?o demoraram para chegar em seu trono, se depararam com um sorriso enigmático e uma aura de absoluta confian?a. Ali, como se apreciando o tom marfim da escadaria, estava a Colecionadora.
Aqui, a verdadeira batalha a esperava.
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